segunda-feira, 8 de março de 2010

Palavra, palavrinha, palavrão

A minha primeira idéia de maldade sempre foi de que ela está nos olhos de quem vê. Assim como o preconceito. Por viver a vida numa boa, sem inimigos, sempre encarei que o ruim vive dentro daqueles que se sentem ruins e não em uma palavra. Logo de cara foi a palavra Negro. A mim, soa natuaralmente, nada demais. E não vejo porque substituí-la pelo similar governamental “afrodescendente”. Afinal, se a África é o continente mãe, somos todos afrodescendentes, certo?

Lá fora, a coisa piora... existem palavras que estão terminantemente proibidas e a mais nova é... pasmem: gordo.

Entendo que realmente a palavra, principalmente hoje em dia onde se venera a imagem - muitas vezes mais até que o caráter ou intelecto – chamar outra pessoa de gordo pode soar mesmo como ofença. Ou até que deva existir quem veja a gordura como falta de caráter. O que dizer? Tem louco pra tudo.

Fiquei pensando na minha época de colégio. Entre 8 e 11 anos, quando a maior diversão é encarnar no coleguinha. Deveria ter pego prisão perpétua, creio eu. Outros amigos então nem se fala... eu até era um dos bonzinhos. Se isso for evolutivo, logo em breve chamar outro de feio só se for usando “desprivilegiado no quesito design” e tonto “pouco ciente daquilo que é sério”, que tal?

Mas levando em conta aquilo que aprendi, é fácil perceber que quando banimos uma palavra do nosso vocabulário, estamos indo muito além de não dizê-la... estamos abafando o assunto. E este é o maior dos erros. Porque numa época onde “caralhos” e “merdas” saem da boca de BBBs e atores globais em pleno horário nobre, corremos o risco de esquecer que “pré-conceito” se combate com informação e não com repressão.

Lupércio Chasco

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